“Rosalina, a Sonhadora” – a próxima “Brava” de Amarante
O Auditório da Casa do Portela acolheu a 31 de julho uma sessão de trabalho do Projeto “ENXOVAL: Tempo e Espaço de Resistência”, promovido pela PELE e financiado pela Iniciativa PARTIS da Fundação Calouste Gulbenkian.
“ENXOVAL” cruza diferentes territórios (Porto e Amarante), contextos, grupos e gerações, potenciando uma grande amplitude na recolha e exploração do património que se foca nas questões do feminino (músicas, histórias, objetos) e depois no processo de (re) interpretação e (re) significação desse mesmo espólio através da criação artística. É assim que nasce, por exemplo, a fanzine “As Bravas”. O primeiro número, “Ana, a Brava”, é ilustrado por Clara Não e conta um episódio da história de uma mulher, Ana Leite de Vila Chã do Marão / Amarante, que na sua juventude caminhava diariamente “quilómetros e quilómetros” descalça, para recolher a lenha que alimentava os fornos das padarias. Ao longo do decorrer dos 36 meses do projeto ENXOVAL, mais histórias serão recolhidas através dos grupos comunitários que participarão no projeto.
A vereadora Lucinda Fonseca, com o pelouro da Coesão Social realçou a “importância deste tipo de projetos que vai ao encontro do compromisso que o Município de Amarante assume perante as questões da igualdade de género”.
A próxima protagonista é “Rosalina, a sonhadora”, foi a vencedora desta sessão de trabalho onde foi possível assistir a uma dinâmica de apresentação e interação coletiva, conhecer a contextualização do projeto e ponto de situação sobre o ENXOVAL e onde foi feita a apresentação das Bravas: Histórias de Mulheres que nos inspiram. Houve ainda tempo para a partilha coletiva sobre a ação e necessidades de cada parceiro no âmbito da Igualdade de Género e para a apresentação sobre a “Evolução histórica do movimento feminista em Portugal” por Rosa Oliveira (Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género).
Além dos elementos da Associação PELE, a reunião contou com a presença da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, da Câmara Municipal do Porto, da Faculdade de Sociologia da Universidade do Porto, da Norte Vida, do CLAP e dos parceiros da Rede Social de Amarante.
Externato de Vila Meã; Centro de Emprego do Tâmega e Sousa; Centro Hospitalar Tâmega e Sousa; Associação Empresarial de Vila Meã; CPCJ de Amarante; Associação Emília Conceição Babo e Associação Empresarial de Amarante foram os parceiros da Rede Social presentes neste encontro.
Quem são as nossas “Bravas”? As heroínas da vida real que nos inspiram e que queremos inscrever na nossa história, na nossa memória coletiva.
Ao longo dos tempos, têm sido ocultados os relatos das mulheres que contribuíram para as conquistas históricas, políticas e civis. A sua invisibilidade reflete-se não só nos aclamados “grandes nomes que fizeram história” mas também, por exemplo, na estatuária e na toponímia, onde a figura masculina é desde sempre predominante nas estátuas que povoam as praças e nos nomes das ruas e avenidas.
Os espaços de participação das mulheres, seja na esfera pública ou privada, são mais limitados, sobretudo quando cruzados com a etnia, orientação sexual, monoparentalidade, saúde mental, pobreza…
É esta invisibilidade enraizada que gostaríamos de contrariar, acrescentando às histórias que se contam sobre o Mundo, as histórias das mulheres do nosso dia-a-dia. Mulheres que nos são próximas ou até mulheres que no seu anonimato nos fazem admirá-las: negras, ciganas, brancas, novas, velhas… Todas Juntas pela desocultação das histórias, das vidas, das lutas travadas no dia-a-dia para resistir, sobreviver e construir coletivamente outras formas de (re) existirmos: Livres e Iguais, respeitando as suas diferenças.