José Tolentino Mendonça vence Prémio Pascoaes
O Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes vai ser entregue, pelo Município de Amarante e a Associação Portuguesa de Escritores (APE), no dia 10 de dezembro, em Sessão Solene que decorrerá, pelas 16 horas, no Salão Nobre do edifício dos Paços do Concelho. O vencedor da edição 2016 é o escritor José Tolentino Mendonça, pelo livro “A noite abre os meus olhos”, editado pela Assírio e Alvim.
Durante a Sessão Solene haverá declamação de poesia por Fernando Soares, com acompanhamento musical, de violino, por Vladimir Omeltchenco, seguindo-se uma deslocação à Biblioteca Municipal Albano Sardoeira para descerramento de uma placa evocativa.
Na sua deliberação, tomada por unanimidade, o Júri justifica a escolha da obra “pela sua coerência interna e uma construção de linguagem fortemente visual que se sente respirar rente ao coração do mundo.” O júri salienta ainda “o mérito de uma poética discreta da espiritualidade atenta ao rosto e ao olhar do outro, resgatando-o do esquecimento e do desamparo, bem como as projeções de uma estética que, na aparente simplicidade, exprime o deslumbramento e os sobressaltos de uma evidência da liberdade do corpo, lugar de revelação da realidade sacra do quotidiano, em particular nas relações interpessoais”.
Ao Prémio, foram concorrentes obras publicadas em 2014 e 2015, em primeira edição. O júri foi constituído por Isabel Cristina Mateus, José Carlos Seabra Pereira e José Manuel Mendes.
José Tolentino Mendonça
Poeta, sacerdote e professor, José Tolentino Mendonça nasceu em 1965, na Ilha da Madeira. Doutorado em Teologia Bíblica, em Roma, volta para Lisboa e nesta cidade, torna-se capelão e docente da cadeira de Teologia Bíblica na Universidade Católica.
Padre desde os 24 anos de idade, José Tolentino Mendonça afirma que a sua vocação religiosa “foi uma coisa da juventude, inconsequente, imprudente, inesperada, que eu procuro manter. Ser padre é (…) aceitar a pobreza como condição. E a pobreza é uma coisa chata de viver. É achar que isso pode ser uma forma de dizer alguma coisa ao seu tempo.”
Ocupando já um lugar de destaque na poesia portuguesa contemporânea, o autor, para quem “a poesia é a arte de resistir ao seu tempo”, integrou uma delegação que representou Portugal, então país homenageado, em 1999, na 9.ª Bienal Internacional do livro do Rio de Janeiro, ao lado de uma plêiade conceituada de escritores e poetas portugueses. Este prestígio foi legitimado através da escolha do seu nome para fazer parte de uma antologia de poetas portugueses, da responsabilidade da Lacerda Editores. Organizada por Alberto da Costa e Silva e Alexei Rueno, esta obra intitulada “Panorama da Moderna Poesia Portuguesa”, reúne 72 poetas modernos consagrados, nomeadamente Jorge Sena, Nuno Júdice e Fernando Pinto do Amaral. Em 2000, fez a apresentação da reedição do livro “O Pobre Tolo” de Teixeira de Pascoaes, escritor falecido em 1952 e de quem Tolentino Mendonça dizia ser “uma figura de fronteira na paisagem mental do século português“.
Editou o seu primeiro livro de poesia “Os Dias Contados”, em 1990 e, desde então, tem diversificado a sua obra como poeta, ensaísta e tradutor. Assim, em 1997 traduziu “Cântico dos Cânticos, em 1994 editou o ensaio “As Estratégias do Desejo: Um Discurso Bíblico Sobre a Sexualidade, em 1997 “Longe Não Sabia”, em 1998 “A que Distância Deixaste o Coração” e, finalmente, o livro de poesia “De Igual Para Igual”.