Jorge Pinheiro é artista consagrado do Prémio Amadeo de Souza-Cardoso
O Júri da 11ª edição do Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (PASC) atribuiu, extraconcurso, ao pintor Jorge Pinheiro, o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, uma distinção que pretende consagrar a carreira daquele artista.
Em consequência, a Câmara Municipal de Amarante, fará a aquisição de uma ou mais obras de Jorge Pinheiro, até ao montante máximo de 25 mil euros, sendo ainda o pintor convidado a realizar uma exposição de obras suas em espaço nobilitador do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, com catálogo apropriado.
Com um percurso artístico iniciado nos anos 60, Jorge Pinheiro é autor de uma obra que contribuiu para esbater as fronteiras entre disciplinas artísticas, renovar os respetivos modelos de apresentação e desbravar os múltiplos caminhos que por essa década se abriam à prática artística.
O seu trabalho apresenta aspetos singulares no panorama contemporâneo português, particularmente pelo domínio de distintas linguagens e registos em que se destacam a abstração geométrica e a figuração de matriz classicizante, os valores compositivos e as propostas de sentido metafísico.
Na pintura e nos desenhos preparatórios, na criação de objetos tridimensionais, Jorge Pinheiro tem produzido uma obra vasta e diversa em que se evidenciam, por um lado, um profundo conhecimento dos padrões e arquétipos académicos que lhe permitem abordar o legado erudito da arte ocidental e, por outro, uma dimensão experimental de grande originalidade. Num campo como noutro, a sua obra revela uma extraordinária gama de referências oriundas da literatura, do cinema, das artes visuais ou da geometria.
A exploração persistente de um espetro tão amplo de possibilidades da criação artística confere-lhe um lugar único na arte portuguesa.
Natural de Coimbra, Jorge Pinheiro nasceu em 1931. Formou-se em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, em 1963. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian nos anos de 1966/67, em Espanha, França, Itália, Suíça, Bélgica, Holanda, Inglaterra e, entre 1979 e 1980, na “École des Hautes Etudes en Sciences Sociales”, Paris, onde frequentou o Seminário “Hubert Damisch”, tendo realizado estudos na área da semiótica das artes visuais. Foi Assistente na Escola Superior de Belas Artes do Porto entre 1963 e 1976, Professor Agregado da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, entre 1976 e 1996, e Professor Catedrático convidado da Universidade de Évora, entre 1996 e 2001. O seu currículo assinala 40 exposições individuais, realizadas entre 1958 e a atualidade e a participação em mais de 150 exposições coletivas no país e no estrangeiro. Obteve diversos prémios que consagraram a sua obra a partir de 1954, salientando-se: Medalha de Prata Cinquentenário da Morte de Amadeo de Souza-Cardoso (1969), Menção Honrosa do Prémio Soquil (1970), Prémio da III Exposição Nacional da Fundação Calouste Gulbenkian (1981), Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (2003).
À 11ª edição do Prémio Amadeo de Souza-Cardoso concorreram 356 artistas com 623 obras, tendo sido selecionados 24 artistas e 30 obras. A organização deliberou convidar Alexandre Conefrey, Gonçalo Pena, Patrícia Garrido e Sebastião Resende para concorrentes à atribuição do Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, que será atribuído até final do mês de setembro, quando será também conhecido o vencedor do Prémio de Aquisição do Grupo dos Amigos da Biblioteca-Museu.