Informação
O Município de Amarante realizou recentemente análises às substâncias radioativas da água dos fontanários, na área urbana de Amarante que, como fontes alternativas de abastecimento, estão incluídos no Programa de Controlo da Qualidade da Água.
Verificou-se, no âmbito das análises realizadas, o incumprimento dos valores paramétricos limite para os valores de radão, motivo pelo qual o Município de Amarante, em conjunto com a Autoridade de Saúde, vem informar a população dos cuidados a ter para a redução da exposição ao radão, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a União Europeia, através da Diretiva 2013/ 51/ EURATOM de 22/10/2013, que foi transposta para a legislação portuguesa através do Decreto-Lei nº 23/2016 de 3 de Junho.
O radão é um gás nobre de origem natural, radioativo, sem cheiro, cor ou sabor, que se forma nas matérias rochosas, difunde-se e exala das rochas por fendas e porosidades libertando-se para o ar. Não pode pois ser detetado pelos sentidos e a sua deteção e medição requer equipamento especializado. Naturalmente, nas regiões graníticas há mais radiação natural proveniente do solo e portanto as concentrações de radiação são mais elevadas.
A água para consumo, de origem subterrânea, a partir de nascentes, poços e furos profundos, ao circular nas porosidades de rochas com minérios, promove a dissolução do radão provocando concentrações de valor muito mais elevado que nas águas de superfície (rios e lagos), em contacto com o ar. Além disso, quando atingem a superfície, as águas subterrâneas vão libertando radão para a atmosfera.
Regra geral, as concentrações de radão na atmosfera (ar exterior) são baixas. Contudo, em espaços fechados como no interior de habitações, subterrâneos e minas, o gás radão acumula-se e pode atingir concentrações muito elevadas.
A exposição média da população mundial relativamente ao radão (exposição externa natural) é de 43% e a exposição interna, resultante da inalação ou ingestão é de cerca de 8%. Em Portugal, e segundo o Instituto Tecnológico e Nuclear, a dose média de radiação externa no caso do radão era, em 2010, de 56,7%. Acrescem agora os resultados das análises realizadas à água aos fontanários da zona urbana de Amarante, que revelaram valores acima do limite determinado pela nova legislação, sendo motivo de preocupação porque, por tradição e preferência muita gente se abastece nestas fontes para consumo direto, em casa.
Verifica-se portanto uma grande exposição da população desta região ao radão de origem natural, através da inalação ou por ingestão com o consumo de água.
A exposição à radiação tem efeitos biológicos que variam com o tempo de exposição e a concentração; quanto mais elevado maior o risco de cancro do pulmão. Embora o risco atribuído à exposição por ingestão seja mais reduzido que o resultante da inalação, este não deve ser desprezado. As diversas radiações emitidas atravessam os tecidos vivos do organismo e produzem um fenómeno que se designa radiotoxicidade. A sua ingestão ou inalação tem efeitos biológicos que variam com o tempo de exposição e com a concentração, mas afeta os tecidos de forma continuada.
O maior risco é por inalação do radão, que nos pulmões origina radiações que lesam as células e pode originar o cancro do pulmão. Os fumadores têm um risco muito aumentado pois potencia as lesões pelo fumo do tabaco.
Visando a proteção da saúde da população contra os efeitos nocivos resultantes da exposição às substâncias radioativas, através do consumo de água, o Município de Amarante e a Autoridade de Saúde recomendam:
– O consumo de água de origem devidamente controlada e tratada, evitando o consumo de águas subterrâneas sem qualquer tipo de controlo, nomeadamente proveniente de fontes, poços e furos;
– O arejamento diário das casas, uma vez que parte do gás radão dissolvido na água e que sai das torneiras e chuveiros, se escapa para a atmosfera no interior das habitações dando um contributo importante para a concentração de radão no ar interior das habitações. A ventilação é um método simples e eficiente de remoção das concentrações do radão nas habitações e estabelecimentos.