COVID-19 | MENSAGEM DO PRESIDENTE DA CÂMARA, JOSÉ LUÍS GASPAR

Caras e caros amigos

À data de hoje, 9 de abril, Amarante regista 30 casos de infeção pelo novo Coronavírus.

Começo, naturalmente, por uma palavra de solidariedade para com estes Amarantinos que lutam diretamente contra o vírus.

A eles e a todos os que, na nossa terra, possam vir a confrontar-se com a infeção, assim como aos seus familiares próximos, quero deixar os votos de muita força e assegurar-lhes que têm os recursos da Câmara Municipal ao dispor para, em tudo o que seja possível, os ajudar a passar este momento particularmente difícil.

Tenho-o dito, desde logo nas mensagens que fomos publicando, que, em geral, Amarante tem dado sinais de uma sólida consciência coletiva e do consequente sentido de responsabilidade.

Enquanto comunidade, julgo que cedo, e com serenidade, fomos capazes de compreender a gravidade da situação e de cumprir as recomendações das autoridades.

E devemos orgulhar-nos de todos os que se manifestaram disponíveis para ajudar, seja no plano individual do voluntariado, seja no plano dos recursos das empresas colocados à disposição da Câmara.

Isto tem um nome: chama-se responsabilidade social – e é uma arma fortíssima que, felizmente, temos à disposição para este combate.

Nós, na Câmara Municipal, procurámos responder à evolução do surto com as decisões que, a cada momento, se mostraram necessárias para conter a propagação.

Fizemo-lo cientes do impacto de cada uma das medidas e dos transtornos causados.

Mas fizemo-lo! – porque no final de cada conversa, no final de cada raciocínio, sempre subsistiu a certeza de que nenhuma decisão é mais importante do que a de preservar a vida e saúde de todos.

E permitam-me abrir aqui um parêntesis para dar conhecimento de que infelizmente, e como não podia deixar de ser, há um conjunto de iniciativas e eventos promovidos pelo Município (ou nos quais o Município tem participação) que este ano teremos de adiar ou cancelar, como são os casos da Caminhada da Igualdade que, como todos os anos, em conjunto com a Freguesia de Fridão, se realizaria a 24 de abril e que cancelámos; assim como cancelámos a Sessão Solene do 25 de abril;

A Feira dos Doces Conventuais, promovida pela AEA com o apoio da Câmara, foi já cancelada também;

Fica adiada, para data a definir, a entrega do Prémio Amadeo de Souza-Cardoso e as iniciativas associadas;

O WRC, Rali de Portugal, foi cancelado, assim como o Rali Terras D’Aboboreira que se realizaria em junho, ambos com a parceria do Município; os eventos Amarante Cidade Desportiva;

Canceladas estão também as Festas do Junho; o UVVA – Universo do Vinho Verde Amarante; a Idade de Ouro; o MIMO Festival e o HÁ FEST!

Amarante voltará, a todas estas iniciativas, bonita como sempre, mas mais enérgica e participativa do que nunca.

Dizer também que já temos estado a reafectar verbas que estavam destinadas a estas eventos, direcionando estes recursos para o combate à pandemia – e que assim continuaremos a fazer.

E, fechado o parêntesis, dizia eu que tomámos as decisões, reorganizámos os serviços municipais, assegurámos as tarefas essenciais e colocámos o nosso foco no apoio à comunidade – certos, no entanto, de que, perante um problema que é novo, não podemos aplicar apenas as velhas soluções.

Mantemos uma estreita articulação com a Administração Regional de Saúde do Norte, sobretudo pela via do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Tâmega, a quem, de resto, cedo transmitimos a disponibilidade para assegurar todos os requisitos de segurança e logística para a instalação de um centro para despiste de COVID-19 no Parque do Ribeirinho. Esta decisão não depende de nós, mas a disponibilidade do Município manter-se-á.

No que respeita aos serviços de saúde, deixem-me dizer que a Câmara tem procurado manter a colaboração permanente e assegurar todo o apoio que esteja ao nosso alcance:

– Fazemos o transporte dos profissionais de saúde no terreno, nomeadamente em serviço domiciliário;

– Garantimos, com a rede local de abastecimento de bens essenciais, condições de acesso prioritário aos profissionais de saúde;

– Junto da hotelaria e da restauração local, avaliámos as condições para acomodação e fornecimento de refeições – sendo, aqui, de salientar a disponibilidade de vários empresários para apoiar os profissionais de saúde que optem por não regressar às suas casas – como forma de minimizar o risco das respetivas famílias;

– No quadro das dificuldades de fornecimento que são conhecidas, tudo temos feito para adquirir material de proteção, desde logo procurando responder às necessidades mais urgentes do Centro de Saúde de Amarante, onde, apesar de tudo, já conseguimos entregar algum material, nomeadamente máscaras, luvas e viseiras de proteção;

– Conjuntamente com os Municípios que integram a Comunidade Intermunicipal e com a Câmara Municipal de Paredes adquirimos 11 ventiladores que já foram entregues ao Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa;

E julgo ser de destacar que, resultado de uma perfeita articulação e do trabalho conjunto com a Santa Casa da Misericórdia de Amarante, procedemos à adaptação e temos já disponível uma ala do antigo Hospital de S. Gonçalo, onde instalámos 43 camas que poderão, desde logo, funcionar como retaguarda para as IPSSs com resposta de Lar ou Estrutura Residencial para Idosos.

Também com a Cruz Vermelha de Amarante temos mantido uma estreita colaboração que tem permitido, entre outras coisas, agilizar a distribuição de parte do equipamento de proteção, nomeadamente máscaras, pelas restantes instituições parceiras da Rede Social.

Destacar ainda que o Município adquiriu testes rápidos de rastreio preliminar de pesquisa de anticorpos para Covid-19, para iniciar, de imediato, um processo de rastreio que se pretende tão amplo quanto possível mas que, por motivos óbvios, começará por testar os que lidam mais de perto com o risco.

No plano da ação social, os serviços do Município reorganizaram-se e reajustaram-se, de modo a assegurar a eficácia que o momento exige, de forma mais célere, sendo ativado com um simples telefonema para os serviços sociais da autarquia.

Foram reforçadas, na sua capacidade, respostas como o SMAI – Serviço Municipal de Apoio ao Idoso, que agora assume uma particular relevância para minimizar a exposição ao risco desta faixa etária, principalmente em situação de isolamento;

Reforçámos, também, o Fundo Municipal de Emergência Social que garante, prontamente, apoio económico às famílias necessitadas;

Assim como reforçámos a RAP – Resposta de Apoio Psicológico, entre outras medidas

Criámos a Resposta de Apoio à Comunidade Amarantina, que vigorará pelo período inicial de 3 meses, para assegurar apoio alimentar às famílias que dele necessitem.

Para além disto, temos a Rede Social em permanente contacto e em alerta constante.

Tem sido notável a interação entre todos os parceiros da Rede, que está hoje mais estreita do que nunca e, deste modo, mais preparada para reagir às adversidades, à medida que elas surjam.

De modo a assegurar soluções de transporte público para cumprir os serviços essenciais enquanto vigorar o estado de emergência, articulámos com os operadores da rede municipal a implementação do serviço de transporte flexível e mantemos em funcionamento a linha que faz a ligação Amarante – Vila Meã.

Em parceria com as associações empresariais de Vila Meã e de Amarante, criámos o Serviço de Apoio Empresarial COVID-19.

Como se percebe, muito – e muito diferenciado – é o trabalho que tem sido feito e que temos em curso. Assim como, estamos a acompanhar as decisões do Governo no que respeita aos apoios às famílias e às empresas, no sentido de perceber o ponto de estabilização e, deste modo, avaliar as possibilidades do Município agir em complemento a esses apoios, nomeadamente, junto das que se encontrem em situações mais críticas. 

E termino com algumas referências que, à semelhança das já feitas, julgo serem de elementar justiça:

Notar que tem sido possível contar com a solidariedade institucional e com o apoio dos vereadores da oposição, a quem quero agradecer, desde logo, a demonstração clara de que este não é o momento da política partidária. Este é um momento em que cada um de nós tem de estar motivado apenas e só pela sua condição de membro de uma comunidade que se pretende proteger e, como tal, dar o melhor de si, independentemente de ter, ou não ter, responsabilidades de representação ou de decisão.

Neste contexto, aliás, quero também enaltecer o papel das Juntas de Freguesia. Têm evidenciado um extraordinário espírito de colaboração, não só com a Câmara, mas também entre as próprias freguesias, partilhando recursos e apoiando-se mutuamente – numa atitude exemplar e que está patente, de resto, no plano regular de desinfeção e higienização de espaços públicos e equipamentos de recolha de resíduos que, em conjunto, temos implementado em todo o Concelho.

Há que lembrar, ainda, todos os nossos colaboradores. Aqueles que continuam, todos os dias, a assegurar os serviços essenciais e a garantir a resposta às inúmeras solicitações que nos chegam, quer de particulares, quer de parceiros do Município. Assim como os que, mesmo em teletrabalho, asseguram muitos dos nossos serviços ou a sua retaguarda.

E, a este propósito, deixar a sugestão de que acompanhem a atividade do município, não só pelas redes sociais, mas também pelo Portal Municipal, onde temos um “dossier COVID-19” que agrega o essencial da informação. 

Dito isto, deixar um sentido agradecimento a todos os que estão e estarão na primeira linha deste combate:

Aos Profissionais de Saúde, agradecer a abnegação e o extraordinário espírito de missão com que, em nome da saúde pública, assumem o risco pessoal nesta batalha sem precedentes;

Aos voluntários;

Trabalhadores dos serviços de fornecimento de bens essenciais, como padarias, supermercados, farmácias, correios, etc.,

Às forças de segurança,

Às duas corporações de Bombeiros,

Aos parceiros da Rede Social;

A todos, e em nome de toda a comunidade amarantina, muito obrigado!

Desejo uma boa Páscoa a todos, na medida do possível no momento em que vivemos.

Quanto ao mais, já todos sabemos os cuidados a ter. Vamos manter o esforço, não podemos vacilar. Não podemos pensar que o pior já passou, pelo simples motivo de que isto não é verdade.

Mantenham-se em casa e cumpram aquelas que têm de ser as normas que, por agora, regulam a nossa vivência em comunidade.

Na certeza, porém, de que está ao nosso alcance vencer esta batalha e, desse modo, regressar à normalidade.

No passado, Amarante resistiu.

Agora…

Amarante vai resistir!