A música no cinema em destaque no grande ecrã no MIMO Festival Amarante
Vinicius de Moraes, José Mário Branco, Celeste Rodrigues e Tim Maia são alguns dos músicos que saltam do palco para a tela do Festival MIMO de Cinema.
Sem perder de vista o elemento central do festival – a música – o MIMO Festival Amarante pisca o olho a várias outras manifestações artísticas e gosta de olhar a música a partir delas. É o que se passa com o Festival MIMO de Cinema.
Durante a edição deste ano do MIMO Festival Amarante – que acontece de 21 a 23 de julho – são muitos os filmes que apresentam outros olhares sobre o mundo da música e dos músicos.
Rejane Zilles, diretora do Festival MIMO de Cinema explica a lógica da programação: “Procurei trazer a Amarante um panorama de filmes brasileiros com valor artístico evidente, que tiveram excelente repercussão no Brasil e que ainda não tinham sido lançados no circuito português. Trata-se de uma seleção de obras que oferece ao público a rara oportunidade de as conhecer e, em alguns casos, de apreciar a história dos artistas na tela, fazendo sempre a ponte para a programação musical do MIMO. Como acontece, por exemplo, com o grupo Nação Zumbi no filme ‘Chico Science, Caranguejo Elétrico’; com Jards Macalé, retratado no documentário ‘Jards’, de Eryk Rocha, e na curta-metragem ‘Tira os óculos e recolhe o homem’.”
A curadora – também ela cineasta – acrescenta que, no que diz respeito à oferta nacional, procurou “documentários sobre músicos e grupos com histórias interessantes, pontuados por trajetórias e estilos musicais bem distintos que, em comum, têm o carinho do público português”.
A partir deste “olhar luso-brasileiro” sobre o cinema, surgiram vários outros olhares e destaques…desde o filme sobre José Mário Branco a um outro sobre Celeste Rodrigues, sobre Vinicius de Moraes e Tim Maia…num total de 15 que poderão ser vistos – gratuitamente, como toda a programação do MIMO Festival Amarante – no Cinema Teixeira de Pascoaes e no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso.
MUDAR DE VIDA: JOSÉ MÁRIO BRANCO, VIDA E OBRA (documentário, PT)
Realizadores: Nelson Guerreiro e Pedro Fidalgo
Cinema Teixeira de Pascoaes: 21 de julho
O filme traça o longo percurso de criação e de combate político do músico, compositor, poeta e ativista José Mário Branco, mostrando a importância dos seus ideais revolucionários na sua expressão artística. Voz singular no panorama português foi um dos criadores da música de intervenção.
TIM MAIA (ficção, BR)
Realizador: Mauro Lima
Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso: 21 de julho
“Mais grave, mais agudo, mais eco, mais retorno, mais tudo!” O grito de guerra de Tim Maia ainda ecoa nas festas de todas as gerações, idades e classes sociais, onde a sua música é sinónimo de alegria e romance. Transgressor, amoroso e desbocado, consagrou-se como um dos artistas mais queridos e respeitados da música brasileira e autor de inúmeros sucessos.
UMA NOITE EM 67 (documentário, BR)
Realizadores: Renato Terra e Ricardo Calil
Cinema Teixeira de Pascoaes: 22 de julho
No teatro, aplausos, vaias, uma viola partida, guitarras estridentes. No palco, os jovens Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Edu Lobo e Sérgio Ricardo. As músicas, “Roda viva”, “Ponteio”, “Alegria, alegria” e “Domingo no parque”. E só um deles sairia vencedor. O documentário é um convite para se reviver a final do Festival da Record de 1967, que mudou os rumos da MPB.
JARDS (documentário, BR)
Realizador: Eryk Rocha
Cinema Teixeira de Pascoaes: 22 de julho
Um ensaio poético-musical sobre o cantor, compositor e violonista carioca Jards Macalé. Celebra o instante do processo de criação do artista, a afinação, a repetição, a improvisação dos instrumentos. O fluxo do homem e a música. O êxtase e a solidão do artista que coexistem num entrelaçamento constante entre arte e vida.
I LOVE MY LABEL – DISCOTEXAS (documentário, PT)
Realizadores: António Sabino, Pedro Gonçalves e Igor Martins
Cinema Teixeira de Pascoaes: 22 de julho
Terceiro filme da série sobre editoras discográficas portuguesas, idealizada por Rui Portulez e realizada pelo Centro de Inovação da RTP Porto, apresenta a editora Discotexas – fundada por Luís Clara Gomes e Bruno Cardoso. Reconhecida pelos projetos Moullinex e Xinobi, a dupla passou a cruzar discos que navegam entre a música eletrónica e o rock.
VINICIUS, UM RAPAZ DE FAMÍLIA (documentário, BR)
Realizadora: Susana Moraes
Museu Amadeo de Souza-Cardoso: 23 de julho
Susana Moraes retrata o pai na intimidade numa produção que ganhou recentemente uma nova versão. Distante de um retrato oficial do grande poeta, diplomata e criador da Bossa Nova, o documentário mostra um homem entre amigos e familiares, desprendido de convencionalismos, numa atmosfera que se reflete também na linguagem despojada de sua obra. Reúne depoimentos dos amigos, como Oscar Niemeyer, Ferreira Gullar e Tom Jobim.
CHICO SCIENCE, CARANGUEJO ELÉTRICO (documentário, BR)
Realizador: José Eduardo Miglioli^
Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso :: 22 de julho
O filme refaz a trajetória do cantor e compositor Chico Science, expoente do movimento Manguebeat e um dos mais importantes músicos do panorama brasileiro. Mostra a formação do grupo Chico Science & Nação Zumbi, as digressões pelo Brasil, a criação do movimento e o legado que deixou, após a sua morte precoce há 20 anos.
CELESTE (documentário, PT)
Realizador: Diogo Varela Silva
Cinema Teixeira de Pascoaes: 23 de julho
Realizado em homenagem aos 70 anos de carreira da fadista Celeste Rodrigues, o filme é um retrato íntimo e sincero da artista, narrado na primeira pessoa e guiado pela cumplicidade familiar do realizador. As imagens de arquivo revelam a contemporaneidade de seu fado. Com 59 discos gravados, a irmã mais nova de Amália, hoje com 94 anos, continua a cantar e a fazer do fado uma força de viver.
NÓS SOMOS UM POEMA (documentário, PT)
Realizadores: Sérgio Sbragia e Beth Formaggini
Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso: 23 de julho
Produzido por Lu Araújo (diretora do MIMO), esta curta-metragem premiada revela a desconhecida parceria de dois génios da MPB, Pixinguinha e Vinicius de Moraes, que se uniram para compor a banda sonora de “Sol sobre a lama”, do realizador Alex Viany (1963). O filme conta com as participações de grandes artistas da música brasileira, como Elza Soares, Jards Macalé, Céu e Diogo Nogueira.