Museu Amadeo de Souza-Cardoso expõe obras de Gonçalo Duarte
O Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso (MMASC) expõe até 9 de outubro, “Gonçalo Duarte – Obra plástica, coleção Fundação Cupertino de Miranda“. A mostra está patente na Sala de Exposições Temporárias.
Esta exposição, escreve no catálogo António Gonçalves, diretor artístico da Fundação Cupertino de Miranda, “permite-nos ver o desenvolvimento da obra de Gonçalo Duarte em diferentes períodos com obras dos anos 60 aos anos 80. Uma maior incidência no trabalho de desenho que mostra como esta técnica foi relevante e um excelente campo de experimentação, muito usado também pelos surrealistas com que Gonçalo Duarte se relacionou”.
“(…) Os trabalhos dos inícios dos anos 60, continua António Gonçalves, são de uma força muito energética com mancha e linha numa convulsão de pendor expressionista e abstrato. As linhas que surgem nos trabalhos dos anos 60 são de espessura bem mais acentuada e muito orgânicas, ocupando toda a folha de papel e agarrando formas mais figurativas, não deixando, no entanto, de se apresentarem com uma índole surrealista”.
Para António Gonçalves, “há, contudo, uma gramática muito pessoal nas formas com que Gonçalo Duarte povoa as suas obras, uma presença do elemento feminino denuncia um pendor erótico nalguns destes trabalhos. As pinturas que aqui se apresentam mostram um trabalho de grande entrega aos temas que formaram parte da dedicação aprofundada, ou mesmo obsessão de Gonçalo Duarte. A História Trágico-Marítima ou a tragédia de Alcácer Quibir são temas onde mergulhou profundamente no encalço de repostas que lhe assegurassem entendimento ou mesmo orientação para instável aceitação do mundo que o rodeava e que o fazia estar longe do seu âmago”.
António Cardoso, diretor do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, realça a participação de Gonçalo Duarte no grupo KWI, que se radicara em Paris, nos anos 50-60 e que na sua totalidade incluía René Bertholo, Lourdes Castro, Costa Pinheiro, João Vieira, José Escada, o búlgaro Christo, e o alemão Jan Voss.
O Grupo, escreve o diretor do MMASC, “foi grandemente responsável pela penetração da Arte Portuguesa no estrangeiro, com linguagens predominantemente figurativas, da abstração lírica à nova-figuração, nas quais eram evidentes, ainda, referências ao Surrealismo. Gonçalo Duarte foi um caso exemplar dessa aproximação e, finalmente, com laivos de obsessões, visíveis nos últimos desenhos”.