Maria Abreu, a amarantina que a ONU distinguiu
A distinção ocorreu no passado mês de março. Agora foi possível ouvir Maria Abreu, amarantina e finalista do mestrado integrado em arquitetura, da Universidade do Porto distinguida pela ONU, com uma menção honrosa, no âmbito do concurso internacional “Integrated Communities: A Society for All Ages”, promovido pelo “International Council for Caring Communities (ICCC)” em conjunto com a ONU, através do programa “Human Settlements”.
Este concurso pretende desafiar estudantes de arquitetura a idealizar comunidades multigeracionais, adaptadas e pensadas particularmente para a terceira idade e para a resolução, através da prática da arquitetura, de conflitos geracionais. O tema suscitou o interesse de Maria Abreu pela “vertente social da arquitetura” e porque pretendia realizar uma “tese teórica e prática”.
Assim, surgiu a proposta para a reabilitação de uma ilha localizada na Rua dos Bragas, no Porto. Esta escolha resulta “(…) da necessidade de criar um programa e um lugar que inclua os idosos de forma a estes conseguirem interagir com outras gerações, abandonando o isolamento em que se encontram (…)” referiu Maria Abreu. A amarantina continuou, salientando que as ilhas “(…) são núcleos que passam despercebidos na cidade do Porto. A maioria das pessoas não tem conhecimento da existência destas ilhas e das suas condições, nomeadamente habitações degradadas e uma população isolada.”
Foi nesse sentido que o projeto foi pensado, tendo por foco essencialmente dois objetivos:”(…) o primeiro através da reabilitação das habitações, tornando-as acessíveis de forma a dar-lhes mais conforto e mais dignidade, relembrando assim a importância da ‘casa’ como fator de felicidade. Para esse efeito usou-se a estrutura existente das ilhas mas convertendo duas casas numa só, dado o número de casas abandonadas (…)”, esclarece a aluna. O segundo objetivo prevê a promoção da interação intergeracional, ponto que era exigido pelo concurso internacional. “O Porto é uma cidade universitária com vários campus dispersos e, por isso, considerei pertinente estabelecer um programa que ligasse as faculdades próximas à ilha”, referiu Maria. “Visitei a ilha situada na rua dos Bragas, pela proximidade com a Faculdade de Direito e aí surgiu a ideia de criar um espaço comum para os estudantes e para os habitantes. Isso poderia acontecer com a criação de uma cantina com preços acessíveis, que os próprios moradores pudessem usar ou até gerir e com a construção de espaços mais flexíveis para ‘workshops’, conferências, conversas entre alunos e moradores. A ideia era que existisse uma certa troca de conhecimentos entre ambos.” concluiu.
O programa de intervenção de Maria Abreu prevê ainda a sua replicabilidade em outras ilhas da cidade do Porto.
Sobre a apresentação na Sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, onde foi receber o prémio, Maria destaca: “A oportunidade em expor um projeto como este para imensas pessoas. Foi uma grande responsabilidade e um enorme orgulho poder mostrar uma cidade de que gosto muito. Foi ainda uma excelente oportunidade para estabelecer contactos e para conhecer outros trabalhos que nos permitem ter uma perceção diferente da realidade de cada país.”
Este ano, a organização recebeu cerca de 400 propostas. Foi a primeira vez que uma escola de arquitetura portuguesa foi premiada neste concurso, criado em 1994, para escolas norte americanas e alargado, a partir de 1999, à participação de escolas internacionais.
Acerca da possibilidade de ver o projeto concretizado, Maria Abreu esclarece: “Este trabalho está ainda em a ser desenvolvido, no âmbito da minha tese de mestrado. Contudo, espero que no futuro haja essa possibilidade.”